segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ana Cicília...



Eu nem sabia quem eu era neste mundo e Deus resolveu mandar alguém a ele para me ensinar um pouco mais sobre amor, fé, paciência, medo e proteção. No dia 09/12/1986, Deus resolveu me dar uma irmã mais nova, uma irmã que chegou ao mundo cheia de medos, sem saber também qual era seu papel por aqui e precisava de ajuda para começar, é estranho, mas podemos ser a pessoa mais frágil do mundo até ganharmos uma irmã mais nova, mas depois que isto acontece nossa vida muda, nós passamos a querer ser melhor, a querer ser inteligente, enfim, nós queremos ser o super herói daquele ser pequeno.
Mas, minha história com minha irmã mais nova esperou 5 anos pra realmente começar a ser vivida, claro que ela começou com choro, só que dessa vez não foi o de quando ela foi tirada da barriga da mamãe, mas estava ligado a de uma vida nova, a pequena Ciça voltava pra casa e não sabia o que a esperava e nem quem a esperava e foi assim que comecei a cumprir meu papel de irmã mais velha, dando segurança a Ciça, mostrando a ela um mundo ao qual ela não estava acostumada, dividindo momentos, indo a escola juntas, protegendo a de brigas e claro, brigando muito com ela, afinal isto faz parte de ser irmã. Uma vez na terapia, minha psicóloga disse que nós só brigamos com quem amamos muito, ela disse que nós fazemos isto porque sabemos que são estas pessoas que sempre estarão prontas para nos perdoar quando nos sentirmos arrependidos. E eu e a Ciça não fugimos a regra, brigamos, brigamos muito, e até hoje nós brigamos, então pela lógica deve haver muito amor entre nós né?
Tivemos uma infância grudada, dividíamos quarto, salas de cinema, parques, viagens, banhos, tristezas, problemas e alegrias, mas num belo dia chegou a hora da Ciça partir de novo, ela precisava ir para começar a realizar seus sonhos, então eu fiquei meio perdida, estava acostumada ao papel de irmã mais velha, mas, agora eu estava sendo obrigada a seguir carreira solo, mas algo me dizia que o papel de irmã mais velha é ser forte, então eu fui...
Passaram longos anos, na verdade 11 anos, e a pequena Ciça virou uma mulher, uma mulher forte, decidida, feliz e acreditem, com ainda mais sonhos. Mas, o principal, ela virou uma mulher que realiza, que acredita e corre atrás, e pasmem, nessa semana eu vou voltar a assumir o papel de irmã mais velha e ir festejar uma das maiores realizações que a minha irmã mais nova conquistou, essa semana vou comemorar sua formatura em medicina. Aquela menininha que eu costumava defender, passa agora a ser a heroína da vida de muitas pessoas, chegou a vez dela de proteger as pessoas, de salvar suas vidas e de dar segurança a suas famílias. Agora quem cuidará de mim e me protegera será ela, pelo menos na hora das consultas via telefone, rs.
Eu espero que a Ciça mostre ao mundo como se pode ser médica, mulher, filha, irmã, tia, namorada e ainda sim manter a fé nas pessoas, a humildade, o carinho, o amor, a compaixão e o respeito ao próximo, a missão dela agora é maior, ela decidiu ajudar as pessoas, e acreditem está não é uma tarefa fácil, as pessoas são exigentes, carentes, frágeis e esperam muito do próximo.
Escrevendo este texto lembrei do nosso sonho de infância, nós desde pequenas queríamos montar um asilo e ajudar os velhinhos abandonados, desde cedo nossa vontade era de fazer a diferença nesse mundo e agora nós temos a chance de deixar nossos nomes gravados na história de pelo menos algumas pessoas.
Espero que a idade, os problemas, as desilusões não tirem das nossas vidas aquelas duas criancinhas sonhadoras, que acreditavam num mundo melhor.
Esse texto é pra desejar a Ciça muita sorte nessa nova etapa, por que eu escrevi ao invés de simplesmente falar? Porque eu acho que o mundo precisava saber o orgulho que eu tenho dela, e também porque eu sempre fui melhor escrevendo do que falando. Porque eu desejo que a minha irmã mais nova, seja a irmã mais nova na vida de muitas pessoas, lhes dando alegrias, sonhos, fé na vida e motivos pra viver, exatamente como ela faz na minha vida a 25 anos!
E vou parando por aqui pois irmã mais velha também chora.
Sorte Ciça, que está seja só mais uma etapa vitoriosa da sua vida.

Amo você!