terça-feira, 21 de junho de 2011

Que país é esse?


Todos os dias me deparo com milhares de comentários reclamando do Brasil, dos políticos, da saúde, da educação, do futuro da nação. No entanto, dificilmente vejo alguém apontar seus próprios defeitos, muito menos mencionar quantas vezes deixou de jogar lixo na rua, parou na faixa de pedestre, ou evitou gastar água por estar pensando no futuro do país, no bem do próximo.

Ao reclamar, os brasileiros esquecem que vivemos em uma democracia, onde as decisões mesmo que indiretamente são influenciadas por nossas escolhas. Exemplo? Um deputado não chegou ao congresso sozinho, para chegar lá foi eleito, passou pelo julgamento e aprovação do povo. Está lá representando uma parcela da sociedade, e o eleitor não pode simplesmente dizer depois que não sabia do que ele seria capaz, afinal, quando um candidato pleiteia um cargo público é obrigação dos eleitores pesquisarem seu histórico, antes de confiar nosso futuro nas mãos dele.

Vocês já viram como brasileiro gosta de se vangloriar do nosso futebol? Já notaram como eles sabem o nome, idade e onde os grandes craques nasceram? Perceberam como sabem quantos gols estes fizeram? E até mesmo quantos eles perderam? E no vôlei? Sabem os nomes de todos os jogadores, os números de pontos por jogo e etc. E até no tênis, esporte pouco difundindo entre a maioria dos brasileiros nós não esquecemos dos números de vitórias do Guga, e os torneios que ele ganhou.
Agora experimenta perguntar para estas mesmas pessoas, a quanto tempo voltamos a eleger democraticamente um presidente? Em quem elas votaram nas últimas eleições? Ou então, quais projetos os deputados delas defendem na câmara, e quais foram a posição destes nas votações mais importante dos últimos meses? Dá pra imaginar o resultado né?

Brasileiro não está preocupado com o futuro do país, não esta preocupado com os repasses para seu estado, com as emendas que seus deputados estão destinando. Eles querem saber mesmo, é da copa do mundo que o Brasil vai sediar, das olímpiadas, e se os estádios vão estar prontos a tempo.

Para nós, é mais importante vencer no futebol, do que ter êxito no combate a miséria, é mais importante ser campeão mundial de vôlei que vencer o analfabetismo.

A grande pergunta que me faço é: como cobrar dos nossos representantes algo que nem dentro das nossas prioridades esta? Pior ainda, como cobrar algo se nem cumprimos o nosso papel de fiscalizar?

A apatia política certamente começa pelo povo, e só veremos verdadeiras mudanças quando tivermos cidadãos mais patriotas, mais nacionalistas, preocupados com os iguais a nós, com os que falam nossa mesma língua, que habitam nosso país.

Enquanto consumirmos água, energia sem ter solidariedade com nosso futuro, com nossas crianças seremos uma população pobre, pobre de espírito principalmente.

Enquanto a lei não servir pra todos, o Estado estará enfraquecido.

Enquanto nossas riquezas individuais forem mais importante que o combate a fome, que a reforma agrária, não poderemos dizer que vivemos em uma democracia.

Enquanto nossas reclamações forem maiores que nossas atitudes, nosso país sempre vai ser pior que o vizinho!

Então,  minha pergunta à vocês não é que país e esse? Mas, sim: Que povo é esse?

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto! :)
    Permita-me começar este comentário com algo que vi pela manhã no Facebook. Alguém postou:
    "Qual seria o interesse dos, seis entre os oito, Deputados Amazonenses em votarem pelo SIGILO DAS CONTAS DAS OBRAS DA COPA DO MUNDO DE 2014?"
    Em seguida, uma pessoa comentou: "Neste primeiro semestre, o TCU tirou o corpo fora alegando falta de auditores e dificuldades em firmar convênios com os TCEs, e surgiu também a insistência no tal sigilo.
    Sabe o que é engraçado? À beira de um estupro de proporções continentais de autoria dos parlamentares, o brasileiro tá preocupado em espalhar pela internet correntes sobre um "apocalipse gay"."

    É complicado identificar os aspectos negativos da posição do brasileiro em relação ao atual retrato do país. E não se trata de uma possível dificuldade de visualização, mas da indecisão ao escolher alguns entre tantos comportamentos que evidenciam uma postura cada vez mais retrógrada do povo.
    Os anos têm mostrado que a tão sonhada democracia trouxe uma liberdade que se perdeu com o passar do tempo. Tal paradoxo se firma com um tipo de "desleixo social" onde mais vale desfrutar de prazeres (por você citados) sentado em um sofá do que desgrudar a costa suada para levantar e conhecer o mundo ao redor, a fim de manifestar o raro interesse pela defesa do bem estar coletivo.
    A estagnação do brasileiro tem se mostrado resistente somente até o momento em que ele percebe o quanto um "disse-me-disse" pode ser prejudicial ao seu ser ou aos privilégios que goza. Isso quer dizer que é mais fácil o interesse coletivo surgir por uma sucessão de boatos do que pela milagrosa busca de um Direito eventualmente violado ou de uma representação para formular algum Projeto de Lei. Tome por exemplo o fato de ser mais fácil o brasileiro espalhar por correntes que "não agredir um gay é crime", ao invés de retrucar a informação de um pastor pela mesma agressão se estender às demais pessoas pela cor, pela religião, pelo Estado de origem ou pela idade, mostrando que a opção sexual é somente uma das tantas razões que estimulam a elaboração de Leis que proíbam ação de verdadeiros trogloditas.
    Saindo do povo e visualizando o alto escalão, tornou-se fácil encontrar o mais poderoso se sobrepondo ao mais fraco. Pra falar a verdade, a educação anda tão rara que não é mais necessário ser um político ou algum rico empresário para desrespeitar o mais humilde ou fraco: você certamente já viu algum pedestre jogar uma garrafa de vidro na rua sem ligar pra quem trafegará por ela depois.
    A aposta em um futuro melhor, vai além da necessidade urgente de um reforço na educação. O fato do brasileiro relaxar no exercício de seus Direitos acabou fazendo com que os três poderes passassem a ser mais independentes do que harmônicos entre si, reforçando a idéia de que a reforma política é só o pico do iceberg de mudanças que este país precisa e que os representantes do Estado insistem em manter congelado.

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