terça-feira, 18 de janeiro de 2011

“Os jovens têm os seus destinos nas mãos para revolucionar quando preparados para tal situação.” - 19/04/2010

Há pouco mais de 30 anos o grande sonho dos nossos pais era viver em um país verdadeiramente democrático, onde todos tivessem direito ao voto, que eleição fosse sinal de legitimidade e que golpes fossem coisas de tatame! 
Foi após um golpe militar, há 46 anos, que se formou a juventude brasileira mais forte e atuante que até hoje tivemos notícias. Muitos foram os exilados, ou os que apanharam por suas utopias, mas a resposta para esta luta chegou, em 1988, com a aprovação da mais democrática Constituição de toda a história do Brasil. Ela consagrou, de modo geral, os ideais de mudanças e, apesar dos esforços para modificá-los, dos diferentes governos a serviço das elites, estes ainda hoje se fazem sentir. A conquista da democracia e da liberdade de votar foram as principais vitórias desta juventude, que deixou para nós, jovens do presente, vários outros legados, como: o direito de ter formação profissional, o voto aos 16 anos, a igualdade entre os sexos e a liberdade do movimento estudantil. 
Os anos seguintes à democratização do país foram de mudança econômica, cultural, política e social. Hoje muitos dos nossos governantes são oriundos deste sonho... De FHC a Lula, todos dividiram palanques em busca das “Diretas Já” e da liberdade de imprensa.
O sonho dos nossos pais se tornou realidade; são mais de 20 anos de democracia. Mas, e agora, qual será o sonho da nossa juventude? O que aconteceu com os jovens nestes últimos 20 anos? Será que, junto com a “estabilidade democrática”, perdeu-se a vontade de lutar? De se ter um país cada vez melhor?
Quando falamos da “juventude de hoje” idealizamos o passado. Por isso, se eu respondesse a estas perguntas há alguns meses, diria que a juventude tinha se tornado acomodada, isenta das grandes decisões do país, que era alienada e desinteressada das questões sociais e políticas. Porém, nos últimos quatro meses, meus sonhos e os de muitos jovens ganharam vida, reapareceu a vontade de mudança, de ir à luta e de enfrentar seus medos para livrar o país da corrupção. O motivo deste milagre: Brasília, a capital da esperança, capital do Brasil! Foi esta jovem cidade, nascida há 50 anos, que mostrou para o restante do país como os jovens e o povo unido podem realizar grandes feitos, mudar decisões e punir os que abusam da confiança que lhes foi depositada nas urnas. Tenho orgulho de fazer parte da juventude de Brasília, que é digna de comparação com a da “Diretas Já”, cheia de ideais e sem medo de cobrar. 
O fato triste desta situação é que estamos saindo às ruas para pedir respeito, que deveria ser algo inerente ao homem. Pedimos a cassação de alguém que poderia ter ficado marcado na história brasilense como um ícone, pois lutou pela cidade quando jovem e deveria ter usado sua maturidade para gerir a capital do país...
Mais uma vez constatamos que o homem é corruptível e que por dinheiro deixa de ser ideológico, utópico. Nós saímos à rua para destituir do poder o governador da capital, o senhor José Roberto Arruda.
O DF foi pioneiro, pois pela primeira vez na história do Brasil, um governador foi preso durante o mandato, o que não chega a ser um mérito. Porém, se a punição de Arruda se tornou uma vitória popular, ela será também exemplo para todo país, de que, quando o povo quer, ele pode, ele faz, ele é forte! 
Se o sonho dos nossos pais era a democracia, qual será o sonho, a causa da nossa juventude? Eu diria que o de uma política mais honesta, mais participativa e acima de tudo em busca da igualdade de fato. Todos sabemos que, no fundo, vamos encontrar os jovens na linha de frente das revoltas e das revoluções!

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